Mariane Meneghel de Oliveira
Psicóloga
CRP 06/149269
Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial
Terapia de Orientação Psicanalítica
Medicalização e Transtornos Mentais
Ursino Puff e seus amigos no Psiquiatra

TDAH
Associado à medicalização existe outro fenômeno importante: a patologização.
Patologizar significa transformar em doença o que na verdade são problemas do cotidiano.
Atualmente esse processo ocorre em larga escala e atinge proporções que afetam diversas áreas da vida humana, como tristeza, raiva, ansiedade, luto, entre outras.
A imagem ao lado busca transmitir justamente essa ideia, pois todos temos alguns traços de ansiedade, humor rebaixado ou deprimido e compulsão alimentar, e isso não necessariamente significa uma doença.
Mas é imprescindível que se saiba que tristeza, raiva, medo do futuro (ansiedade), luto, dispersão e agitação são emoções completamente normais e não devem ser encaradas como um mal a ser combatido.
Ignácio e Nardi (2007) afirmam que medicalizar os problemas da vida significa o silenciar o problema através do silenciamento dos corpos.
Contudo, o uso de medicamento pode ser útil, desde que seja algo pontual e temporário, significando medicar.
Com isso, medicar é diferente de medicalizar.
Medicar
Tratar com medicamentos; aplicar remédios; prescrever remédios; fazer uso de medicamentos
Medicalizar
Processo artificial que transforma questões políticas, sociais, psicológicas em doenças individuais, requerendo o uso de remédios para tratamento
Os remédios psiquiátricos, embora legalizados, também são drogas. Todas as drogas apresentam efeitos desejados e efeitos colaterais.
A sociedade tende a um olhar de que os medicamentos não são drogas, mas sim mecanismos de tratamento que sempre visam o bem-estar e a cura, encobrindo os efeitos negativos dessas substâncias.

A tabela abaixo exemplifica a questão da relação efeito desejado versus efeito colateral:
Medicamento Efeito desejado Efeitos Colaterais
Clonazepam
Ansiolítico: reduz a
ansiedade
Sonolência, cansaço, tontura, hiper salivação, dor muscular, distúrbios do sono, aumento da frequência urinária, visão borrada, diminuição da coordenação motora e da capacidade de concentração, amnésia (eventos recentes), e em casos mais graves, pensamentos suicidas.
Cloridrato
de fluoxetina
Antidepressivo: atua na regulação do humor
Náuseas, insônia, redução da libido, diarreia, retardo na ejaculação, impotência sexual, tremores, redução do apetite, sonolência e ansiedade.
Cloridrato de
metilfenidato
Indicado para: déficit de atenção e hiperatividade
Falta de apetite, dor de cabeça, aperto no peito, taquicardia, insônia, aumento da pressão arterial, tremores, sudorese excessiva, boca seca, surgimento de crises de ansiedade, pânico ou surtos psicóticos.